17 de novembro de 2014

A Rainha do Crime e Seus Súditos

Agatha Christie humanizou seus personagens e marcou a história dos romances policiais.

Ao longo de sua vida, a escritora inglesa Agatha Christie (1890 - 1976) escreveu cerca de 80 histórias em um período de 50 anos. Logo depois do primeiro livro, percebeu que era esse o seu talento: escrever enredos com crimes misteriosos. Seus romances ficaram marcados por trazer um final inesperado ao leitor, que dificilmente consegue desvendar o assassino antes de ler as últimas páginas do livro.
Sua primeira obra, O Misterioso Caso de Styles, foi publicada em 1920, três anos após ser escrita e depois de ter sido recusada por seis editoras. Nesse livro, apareceu pela primeira vez seu mais famoso detetive: Hercule Poirot. A escritora criou personagens icônicos que desvendavam os crimes com maestria. Agatha gostava de usar sempre os mesmos detetives em suas diversas obras, fazendo que seus personagens ganhassem "vida própria", ficando conhecidos em todo o mundo e inspirando outros escritores policiais.
Para Flávio Carneiro, escritor, crítico literário, roteirista e professor de literatura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Agatha foi importante para a história do romance policial em especial por ter dado continuidade a um estilo de escrita que colocava em cena o detetive racional, que não erra nunca e que age movido pela lógica. "O estilo foi iniciado pelo escritor americano Edgar Allan Poe, no conto 'Assassinatos na Rua Morgue', e consolidado por Conan Doyle com as aventuras de Sherloc Holmes", ressalta.
Alguns dos mais populares e carismáticos foram o já citado Hercule Poirot, um ex-policial muito talentoso e nada modesto, e Miss Jane Marple, uma senhora elegante e desconfiada. "A escritora soube humanizar esses personagens, fazendo com que não fossem apenas 'máquinas de pensar'. Esta humanização do detetive clássico foi talvez seu traço diferencial", arrisca Flávio.
O norte-americano John  Curran, maior estudioso da obra de Agatha Christie no mundo, ressalta que a escritora é mais popular agora do que nunca. "O tipo de livro que ela escreveu ainda interessa muito aos leitores de hoje".
Para Curran, uma das características mais importante para esse sucesso é o fato de Agatha contar histórias muito inteligentes em uma linguagem acessível. "As pessoas gostam muito de montar quebra-cabeças e é isso que são seus livros. Outro fator que envolve os leitores é o fato de suas histórias serem confortantes, pois no final a ordem sempre é reestabelecida e o mundo passa a ser seguro novamente", destaca Currran.
O escritor Flávio Carneiro ressalta nomes importantes do romance policial: Jhon Dunning, Paul Auster e o argentino Ricardo Piglia. No Brasil, Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza, com o detetive Espinosa. Curran cita autores contemporâneos influenciados por Agatha: PD James, Colin Dexter e Elizabeth George. Dos antigos, ele destaca Ngaio Marsh, Elizabeth Daly, Christianna Brand e Gladys Mitchell. "Quase todos os autores de mistérios foram influenciados - em menor ou maior escala - por Agatha. Ela estabeleceu o padrão, mas ninguém jamais alcançou".

2 comentários:

  1. Parabens Vera Lucia ! Uma maravilha ! Eu me considero o fã numero um de Agatha Christie
    Parabens
    JOÃO HERCULANO

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  2. Obrigada João Herculano, sou fã de uma boa leitura.
    Abraços e até mais.

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