8 de fevereiro de 2012

Homenagem a Charles Dickens

Queridos amigos e amigas, ontem foi anivérsário de nascimento do escritor Charles Dickens e para homenageá-lo coloco agora um pouco sobre sua trajetória no mundo literário.


“Os filhos dos mais pobres não estão sendo educados, mas sim arrastados”. A casa soturna


Charles John Huffan Dickens nasceu em 07 de fevereiro de 1812, em Portsmouth, Inglaterra e faleceu no dia 09 de junho de 1870, em Gad’s Hill Place, Kente, Inglaterra.
Pouquíssimos autores chegaram à situação de terem seus nomes transformados em adjetivo, ou empregados para descrever a época em que viveram e sobre a qual escreveram. Charles Dickens é um entre esses raros nomes. O adjetivo “dickensiano” entrou para o uso corrente na língua inglesa. É usado para descrever algo grotesco, espirituoso, ridículo, socialmente marginalizado e até mesmo como uma referência para todo o século XIX.
Autor extremamente prolífico, Dickens escreveu romances, contos, artigos jornalísticos e peças, sem falar em numerosas cartas que foram reunidas e editadas. Também fez parcerias com Wilkie Collins e Elizabeth Gaskell e editou as revistas Household Words e All The Year Round. A carreira de Dickens começou com uma experiência como jornalista na cobertura do poder judiciário, em Londres, o que o levou a satirizar o mundo dos tribunais em uma série de romances. As primeiras obras de ficção foram uma série de esquetes sobre a vida em Londres, publicadas em revistas sob o pseudônimo Boz, a partir de 1833. Viraram o assunto do momento, um involuntário golpe publicitário, pois os leitores queriam saber a verdadeira identidade de Boz. Em as aventuras o Sr. Pickwick, Dickens revelou o segredo e o livro seguinte, Oliver Twist, lhe garantiu popularidade geral. Seus romances eram escritos em fascículos mensais, sendo cada um desses capítulos publicado assim que terminava de ser escrito.
Um dos mais importantes aspectos da obra de Dickens é a consciência social. Os livros chamam atenção para questões cruciais da época: o abuso infantil, a pobreza, a violência doméstica, a prostituição, as condições das fábricas, a falta de trabalho e a limitada educação oferecida à classe trabalhadora, para listar apenas algumas das causas que defendeu. O talento jornalístico de Dickens permitiu que suas obras de ficção realmente provocassem mudanças. Ativista dedicado, ele trabalhou com colegas filantropos em projetos como o de reforma sanitária, reforma da educação, apoio a “mulher perdida” e na criação do hospital pediátrico de Great Ormond Street. Em Vida e aventuras de Nicholas Nickleby, ele expôs o que havias aprendido sobre as Escolas de Yorkshire – estabelecimentos perversos para onde eram enviadas – e esquecidas - crianças indesejadas. Como pretendia, o romance levou jornalistas investigativos até Yorkshire para descobrir se tais lugares realmente existiam. A constatação causou uma reação do público e dos políticos. Poucos anos após a publicação do romance, todas as escolas de Yorkshire haviam sido fechadas.

Dickens casou-se jovem e teve 10 filhos com a esposa Catherine (Hogarth era seu nome de solteira). Como autor, costumava enaltecer as alegrias da vida familiar, mas o idílio pessoal foi interrompido quando Dickens se separou, de forma muito pública, em 1858, embora continuasse oficialmente casado até a morte da mulher. Aos 46 anos, havia se apaixonado por uma atriz de 18. Ellen Ternan. Tal era sua popularidade que os jornais abstiveram-se de comentar o caso, sabendo-se que uma publicação que zombasse de Dickens perderia leitores. Em vez disso, começaram a correr boatos cruéis sobre Catherine, rumores de que era alcoólatra e péssima mãe, todos completamente falsos.
Dickens foi a primeira celebridade do mundo das letras. Sua popularidade era internacional, atingindo desde os leitores mais pobres até a rainha da Inglaterra. Quando publicou Um conto de Natal, escrito em menos de seis semanas, disse que estava lutando em favor “do filho pobre”. A tiragem inicial de 6 mil cópias esgotou-se em cinco dias. Aos 31 anos, Dickens havia se tornado o escritor mais bem sucedido da Inglaterra desde William Shakespeare.
Apesar das numerosas obras, Dickens tinhas apenas 58 anos ao morrer, deixando inacabado O mistério de Edwin Drood. Sua filha Katey afirmava que ele havia morrido de tanto trabalhar. Sua partida provocou luto internacional e demonstrações públicas de pesar. Ele havia se tornado extraordinariamente famoso, quase mítico. Conta-se até que uma criancinha, ao ouvir sobre a morte de Dickens, teria perguntado se o Papai Noel também ia morrer.

Boa parte da obra de Dickens foi diretamente influenciada por sua própria infância. Seu pai (funcionário da Marinha, ironicamente no departamento de folha de pagamentos) não era bom com dinheiro e freqüentemente não conseguia sustentar a família. A infância do escritor foi assombrada por credores e oficiais de justiça. Quando estava com 12 anos, o pai foi preso por dívidas e toda a família, à exceção de Charles e da irmã mais velha, Fanny (que estava no colégio interno), foi levada para a prisão de devedores em Marshaisea. O jovem Charles precisou abandonar os estudos e trabalhar em uma fábrica para ganhar dinheiro para a família. Trabalhou e morou sozinho por apenas três meses, mas foram meses que o perseguiram pelo resto da vida. Quando adulto, contaria a experiência para apenas duas pessoas: a esposa, Catherine, e o amigo e biógrafo John Forster.
O episódio exerceu grande influência em seus livros. A fábrica produzia graxa preta para sapatos e a tarefa de Dickens era colar etiquetas nos vidros. Em todos os seus romances há menção a um vidro de graxa, geralmente apenas uma referência passageira, mas a graxa e o que aquilo representava para Dickens está sempre presente. As pessoas que Dickens conheceu, a pobreza que testemunhou diariamente ao caminhar pelas ruas de Londres para o trabalho, a prisão e o alojamento levaram-no a se transformar em um devotado militante da reforma social. Também deram origem a personagens envolventes como a prostituta Nancy, em Oliver Twist, e o negligenciado Jo, varredor itinerante de A casa sorturna.

Principais obras:

Romances
As aventuras do Sr. Pickwick, 1836-1837
Oliver Twist, 1837-1839
Vida e aventuras de Nicholas Nickleby, 1838-1839
Um conto de Nata, 1843
A casa soturna, 1852-1853
O mistério de Edwin Drood, 1870 (inacabado)

Contos
Retratos londrinos, 1836

Não ficção
The Uncommercial Traqvelle, 1860-1869


Fonte: 501 Grandes Escritores – Julian Patrick
Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2009

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