2 de junho de 2014

A Sonhadora Emma Bovary

O livro Madame Bovary, romance que o escritor francês Gustave Flaubert levou cinco anos para fianalizar, fui publicado em 1856, na revista Revue de Paris. Por conter cenas de adultério e críticas à sociedade burguesa da época, foi considerado um escândalo. O autor chegou a ser julgado, acusado de ofensa à moral e à religião, mas foi absolvido. O furor do lançamento acabou gerando também um grande interesse do público em ler a obra.

A história se desenrola contada por um narrador distante e imparcial. "Temos uma personagem que faz o que bem entende até o final do livro. Ela é livre. Não há a construção de uma autoridade, de um alter ego do escritor, que a julgue e que assim resguarde os valores morais daquela sociedade", observa a professora de Literatura Francesa da USP e especialista na obra, Verônica Galindez Jorge.
O livro conta a história de Emma, uma moça romântica e sonhadora, que se casa com o pacato médico Charles Bovary. Leitora voraz de contos românticos, ela tenta encontrar a felicidade dos livros em casamento. Entretanto, logo se vê em um relacionamento tedioso. Frustrada, busca em outros homens o tão desejado romance. Como pano de fundo, Madame Bovary traz uma crítica à sociedade burguesa.
O fato de trazer uma mulher adúltera como protagonista, em uma época em que as mulheres não poderiam demonstrar insatisfação, marcou a importância da obra, desde seu lançamento. Outro ponto central do livro são as críticas sociais, que possibilitam uma representação fiel da realidade social e histórica da época.
Madame Bovary é considerada a primeira obra de ficção do realismo - movimento caracterizado pela sensação de proximidade com a realidade. "No entanto, Flaubert nega esse rótulo até o final da vida. Ele sempre escreveu como se pertencesse ao projeto romântico e sempre se viu como um romântico", observa Verônica.


Cenas do filme Madame Bovary, do diretor Claude Charbol, em 1991



Nos dias atuais é importante que leia o livro para entender a dinâmica e os valores d sociedade francesa da época, já que Flauber descrevia o contexto com extremo realismo. E para conhecer Emma, uma personagem vista por alguns como insatisfeita e adúltera e, por outros, como uma mulher sonhadora, que segue em buscas da realização de seus desejos.


Sobre o autor:
Gustave Flaubert nasceu em Roão, Normandia, França. no dia 21 de dezembro de 1821. Filho do médico cirurgião Achille-Cléophas Flaubert e Justine Caroline Fleuriot. Em 1832, entra para o Colégio Real. Distraído e desinteressado não gostava de estudar, preferia devorar romances. Redige o semanário escolar "Arte e Progresso". Aos 15 anos é atraído pelas peças de Shakespeare, Dumas e Vitor Hugo.
Adolescente se apaixona por Elisa Schlesinger, mulher casada e onze anos mais velha que ele. Entre 1837 e 1845 escreve o drama "Luís XI" e as novelas "Fantasia de Inferno", "Paixão e Virtude". O amor impossível inspirou-lhe os livros "Memórias de um Louco", "Novembro" e "Educação Sentimental".
Gustave Flaubert estuda Direito em Paris, para satisfazer a vontade do pai. Em 1844, após o fracasso nos exames, sofre o primeiro de seus ataques epiléticos. Abandona o curso e vai morar com a família na nova propriedade em Croisset, à margem do Sena, próximo de Ruão. Em 1846, morre seu pai e sua irmã Caroline. Conhece Louise Collet, separada do marido e mãe de uma jovem de 16 anos. Vivem uma aventura amorosa.
Em 1848, rompe o romance com Louise. Nesse mesmo ano morre seu amigo de infância Alfred Le Poittevin. Sua saúde se abala. A conselho médico vai para o Oriente, onde pretendia ficar dois ou três anos. Mas, no fim de alguns meses decide voltar para Croissent.
Em 1851, após longo período sem produzir, inicia "Madame Bovary", a mais famosa de suas obras, foram cinco anos de trabalho incessante. Escrevia e reescrevia a mesma página dezenas de vezes. Em 1856, o romance começa a ser publicado na Revue de Paris, com alguns cortes, em vista da austeridade dos costumes da época.
O livro conta a história de Emma Bovary, que se entrega a sucessivos casos de adultério para fugir da vida medíocre que julga levar ao lado do marido, um médico de província. O romance, que termina com o suicídio de Bovary, causa escândalo na França. Flaubert é acusado de imoralidade e processado.
Em janeiro de 1857, senta-se no banco dos réus ao lado de Laurente Pichat, o editor da revista. Oito dias depois o autor é absolvido e o livro, publicado em edição completa se esgota rapidamente. Gustave Flaubert morre no dia 8 de maio de 1880.

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