Maria Lúcia Alexandrino dos Santos - Miss São Paulo 1969 - Ser Vice tem suas Vantagens

A vida de Maria Lúcia já não é mais a mesma. Lins, sua terra natal, passou a ser quase um sonho para ela - um lugar manso e calmo onde gostaria de descansar bastante, dormir sem a preocupação de acordar na hora certa (e sempre muito cedo), como está acontecendo, agora, no quarto andar do Hotel Danúbio, em São Paulo. Maria Lúcia chega ficar confusa: já não sabe quando acaba o seu curso de História, quando retoma o namoro, quando volta a ser Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, sem os percalços de viver para o título de Miss Brasil  nº 2.
Mas então não vale a pena ser Miss? Ela reage pronto à pergunta:
- Mas é claro que vale. Cansa, mas vale a pena. Não posso dizer que me importa pouco ter tirado o segundo lugar. Não, todas nós na hora, gostaríamos mesmo da cetro e da coroa. Mas veja que compensações: só a viagem ao Japão dá pra esquecer a condição de vice. Porque ir ao Japão, fracamente é muito mais importante do que ir aos Estados Unidos, que fica logo ali e todo mundo já conhece.
Maria Lúcia não deixa de ser a moça de Lins. Está ligada emocional, objetiva e decisivamente à sua cidade, naturalmente com o estilo moderno das jovens universitárias, que têm a sua própria linguagem:
- Para te dizer a verdade, no Rio eu entrei mais acesa na passarela. Mais fanática. Quando cheguei lá já foram me dando a dica: a quente é Miss Santa Catarina. E foi um tal de Miss Santa Catarina pra lá, Miss Santa Catarina pra cá. E a moça acabou ganhando. Aqui pra nós, eu estava fazendo muita fé mesmo era na Miss Ceará. Uma covardia de beleza.
E por ai afora. Mariza Lúcia desfila lembranças do concurso enquanto se prepara, com toda pressa, para a viagem ao Japão. Em Lins, a numerosíssima colônia japonesa vai cobri-la de recomendações, de lembranças e de convites para a terra distante. Miss Brasil nº 2 não cabe em si de cansaço contente.

Fonte: Revista Manchete, nº 901 - 26 de julho de 1969