Pagu era o pseudônimo de Patrícia Rehder Galvão, nascida em São João da Boa Vista, São Paulo em 9 de julho de 1910. Era a terceira filha de quatro irmãos. Bem antes de se tornar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, dada algumas"extravagâncias", como fumar na rua, usar blusas transparentes, cabelos curtos e eriçados e dizer palavrões. Seu comportamento não era compatível com com sua origem familiar conservadora e tradicional. Em 1925, com quinze anos, passou a colaborar no Brás Jornal, assinando Patsy. Embora se tenha tornado a musa dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha apenas 12 anos em 1922, quando a Semana se realizou. Entretanto, aos 18 anos, pouco depois de completar o curso na Escola Normal da Capital (São Paulo, 1928) integra-se ao movimento antropofágico, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald de Andrade separa-se de Tarsila e casa-se com Pagu. Especula-se que eles eram amantes desde a época em que Oswald era casado. No mesmo ano nasceu Rudá de Andrade, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista Brasileiro. Em 1935 foi presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, sendo repatriada para o Brasil. Separou-se de Oswald após muitas brigas e ciúmes. Retornou sua atividade jornalística, sendo presa e torturada pelas forças da ditadura de Getúlio Vargas, ficando na cadeia por cinco anos. Ao sair da prisão em 1940, rompeu com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Conhecida como grande animadora cultural em Santos, lá passou a residir com o segundo marido Geraldo Galvão Ferraz, e os dois filhos. Conviveu e incentivou jovens santistas que apenas começavam suas carreiras, como o ator e dramaturgo Plínio Marcos e o compositor Gilberto Mendes. Dedicou -se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um câncer. Viajou a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Decepcionada e desesperada por estar doente, Patrícia tentou o suicídio, o que não se concretizou. Sobre o episódio, escreveu no panfleto "Verdade e Liberdade": "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas". Voltou ao Brasil, onde veio a falecer em 12 de dezembro de 1962, em decorrência da doença.
Obras:
- Parque Industrial (romance proletário), São Paulo, edição particular, 1933;
- A Famosa Revista (em colaboração com Geraldo Ferraz), Americ-Edit, 1945;
- Verdade e Liberdade, edição da autora, 1950;
- Safra Macabra, editora José Olympio, 1998;
- Croquis de Pagu(org. Lúcia Maria Teixeira Furlani), editora Unisanta, 2004;
- Paixão Pagu (a autobiografia precoce de Patrícia Galvão), editora. AGIR, 2005, 164 páginas.
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