14 de junho de 2012

Dalton Trevisan, o Recluso Vampiro de Curitiba

"O que não me contam, eu escuto atrás das portas. O que não sei, adivinho e, com sorte, você adivinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecendo."

Dalton Jérson Trevisan nasceu no dia 14 de junho de 1925 em Cutiriba, Paraná. Sempre foi enigmático e mesmo antes de chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava lançar seus  contos em modestíssimos folhetos.
Entre 1946 e 1948 editou a revista Joaquim, "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A prublicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados por Antônio Cândido, Mario de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrsada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.
Última foto oficial de Dalton Trevisan tirada em 1972

Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas Nada Exemplares - que reunia uma produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro - e conquistou o grande público. O escritor, arisco, ágruia, esquivo, não foi buscar o prêmio, enviando um representante.
Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: "A Polaquinha"), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obras. Mas Trevisan continua recusando a fmama. Cria uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas - nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus livros.
Recentemente foi concedido ao escritor curitibano dois prêmios da literatura: em maio ganhou o Prêmio Camões, o mais importante da Língua Portuguesa. e no começo de junho foi homenageado com a maior premiação literária brasileira, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.

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