11 de outubro de 2013

"A Difícil Arte de Escrever Fácil"

Escritor polivalente, Fernando Sabino encontrou na crônica seu maior talento.

"Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino". O epitáfio, escolhido pelo próprio escritor, era como queria ser lembrado. Nascido em Belo Horizonte, no ano de 1923, ainda na infância tornou-se um leitor compulsivo e escritor nato. Na década de 1930, começou a dar os primeiros passos rumo a uma carreira de sucesso nas artes literárias, enviando artigos, crônicas, e contos para algumas revistas e jornais. Seus primeiros contos deram origem ao livro Os Grilos não Cantam Mais, publicado em 1941.
Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro onde passou a conviver com nomes importantes da literatura como Vinícius de Moraes, Rubem Braga, Di Cavalcanti e Clarice Lispector. Diversos livros, artigos, contos, crônicas e produção de roteiros fizeram parte da vasta obra de Fernando Sabino. O romance O Encontro Marcado, publicado em 1956, foi sua mais importante contribuição literária para o Brasil.
Mas Sabino foi, principalmente, um mestre na história curta. "Ele era dono de uma escrita ágil, nervosa, essencial, sem enfeites, capaz de dar conta de uma história com extrema e exemplar eficiência. Você lê uma crônica de Fernando Sabino e pode pensar que seria capaz de fazer igual, sem perceber a refinada carpintaria, o enorme esforço que está por trás daquele relato. Serve para ele a fórmula que o poeta Hélio Pellegrino usou para falar de outro autor: Fernando Sabino a difícil arte de escrever fácil", explica o escritor Humberto Werneck, autor de O Desatino da Rapaziada, sobre jornalistas e escritores de Minas Gerais, no qual fala de Fernando Sabino.
O escritor, que ao longo dos anos foi tabelião, funcionário consular, adido cultural e editor de livros, viveu a maior parte do tempo da literatura, sobretudo a partir de 1957. "Foi um escritor fiel como poucos à sua vocação. Publicou seu primeiro conto aos 12 anos de idade e escreveu enquanto lhe restaram forças. Pouco antes de morrer, em 11 de outubro de 2004, na véspera de completar 81 anos, ele deu forma final a mais um livro, o romance Os Movimentos Simulados, iniciado na juventude. A literatura foi a sua grande paixão, esteve o tempo todo no centro de suas (pre)ocupações.

Famoso por histórias curtas, Fernando Sabino ficou marcado pela biografia de Zélia Cardoso

Zélia: um Marco Infeliz em sua Trajetória

Em 1991, Sabino lançou o livro Zélia, uma Paixão, biografia de Zélia Cardoso de Mello. Para Humberto Werneck, o livro foi um momento infeliz na carreira do escritor. "Ele acreditou que a história da toda poderosa ministra do governo Collor poderia render um bom livro. E talvez pudesse mesmo - mas Sabino errou a mão. Um biógrafo trem que ser um investigador, um repórter, e essa não era a seara de Fernando Sabino".
As duras críticas de que foi vítima marcaram profundamente o escritor. "Ele foi visto naquele episódio como um mercenário - o que não é verdade, pois pelo menos boa parte do que o livro lhe rendeu ele destinou a obras sociais. A saraivada de críticas fez com que Fernando Sabino se encolhesse e se encaramujasse num isolamento que esse estenderia até o final de sua vida".

Para Ler:

O Encontro Marcado;
As Melhores Crônicas de Fernando Sabino;
O Desatino da Rapaziada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...