Vamos à postagem de hoje que é refente ao livro que li para o Desafio Literário - by Vivi - que tem como tema nesse mês o Prêmio Jabuti. Escolhi o livro Quase Memória, do jornalista Carlos Heitor Cony e posso dizer que me foi uma grata surpresa ter lido esse livro. Quem diria que o autor passou oito dos dez anos dentro de um Seminário quase tornando-se padre. E se isso tivesse mesmo acontecido, o Brasil teria perdido um excelente jornalista e escritor. Sorte a nossa que ele desistiu a tempo. Um livro altamente recomendado.
Tema: Prêmio Jabuti
Mês: Julho
Título: Quase Memória
Autor do livro: Carlos Heitor Cony
Editora: Companhia das Letras
Nº de páginas: 213
Quando vi a capa do livro, o que mais chamou a minha atenção
foi...
Gostei muito das compilações que o autor colocou na capa
como uma lembrança de suas memórias.
O livro é sobre...
A estória se passa em torno de um embrulho que o autor
recebe dez anos depois da morte do pai. Aí, é só recordações...
Eu escolhi esse livro porque...
Quando li a sinopse gostei muito e a curiosidade em ir além
dela veio com o tema do Desafio para esse mês.
A leitura foi...
Agradabilíssima, com muitas surpresas pelo caminho.
O personagem que eu gostaria de conhecer é Ernesto Cony
Filho, pai do autor do livro. Por quê?
Que homem mais aventureiro. Adorei aquela história do balão
que volta para morrer onde nasceu...
O trecho do livro que merece destaque:
“Mas nem tudo foram excursões para ver o sol nascer, nem
tudo eram fatias de língua afiambrada da Confeitaria Cavê. Houve momentos
trevosos, em que saía até pancadaria. Sobretudo na hora das contas, no
quadro-negro. Certa vez, numa extensa divisão de frações, havia um erro no
resultado que eu obtivera, o pai me avisou do erro, mas queria que eu o
descobrisse sozinho e o corrigisse. Fiz e refiz as contas inúmeras vezes, mas
não atinava com o erro. Até que ele perdeu a paciência, o erro estava na minha
cara, eu não o via. Agarrou-me pela nuca, encostou o meu rosto em cima de um
oito fatal e me fez apagá-lo com o nariz”. – pág. 108
“Minha mãe morreu em fevereiro de 1973. Nos últimos anos,
tivera uma sucessão de gripes, algumas fortes, outras nem tanto. De tal maneira
estávamos habituados às gripes dela – e ela mesma se habituara a estar gripada –
que a sua morte não nos pegou de surpresa”. – pág. 180
“Quando entrei em seu quarto, ela dizia o meu nome, na
cadência de uma respiração difícil. No único instante em que voltou a si,
perguntou se o pai já tinha chegado, se tudo estava bem com ele, que havia
deixado o frango com as batatas coradas
que ele gostava, e que também tinha sopa de ervilhas com bacon na geladeira,
era só esquentar, que ele não esquecesse de fechar as janelas porque podia
chover e tomasse o remédio antes de dormir. Voltou a respirar com dificuldade e
a dizer o meu nome, numa cadência cada vez mais funda. Não parecia sofrer,
apenas sentir. Quando meu irmão abaixou a cabeça e se afastou do leito, percebi
que ela acabar, serena, segurando a minha mão”. – pág. 181
Nota:
4 – Gostei bastante
Sobre o autor: Um dos escritores e jornalistas mais
importantes do país, Carlos Heitor Cony nasceu no Rio de Janeiro, em 1926.
Autor de dez romances marcou época como editorialista e cronista do Correio da
Manhã. É colunista da folha de São Paulo e articulista de Manchete. O romance
Quase Memória (Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras; Prêmio
Jabuti 1996) marcou sua volta à ficção em 1995, depois de um silêncio de 23
anos. De Cony também saiu, por esta editora, Antes, o verão (1964; 1996), O
piano e a orquestra (Prêmio Nestlé 1996), Pessach: a travessia (1967; 1997) e A
casa do poeta trágico (1997).
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