No grande salão do Hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ), a jovem de 17 anos Josemary adentrou em um mundo glamuroso. Como Miss Paraná, representou o Estado no concurso Miss Brasil em 1949. Seu orgulho, porém, ia além da escolha. Na época, o voto era público com direito a urnas espalhadas pela cidade inteira. Se tinha sido eleita, era porque tinha predicados além da beleza. Os pequenos papéis deram a chance da jovem de concorrer ao título com 14 candidatas. As lembranças de cada uma delas eram guardadas até hoje em um caderninho.
Josemary foi uma exímia pianista clássica, cantora lírica e declamadora, com tal expressividade que emocionava a família e amigos. Os encontros se davam somente em grupos pequenos. Tantas histórias levaram uma das netas a montar um book de recortes de jornais, sobre as apresentações da época. A emoção acontecia até no dia a dia. A filha Fabiane lembra-se das tantas vezes em que ouviu a mãe tocar Chopin, enquanto ela ouvia embaixo do piano e chorava.
Durante uma época, Josemary manteve dois píanos. Um de cauda e outro de armário, este último com selo de ouro proveniente de Viena e datado de 1922, com teclas de marfim.
Josemary também gostava do violão em que dedilhava músicas da MPB. O aprendizado e o gosto pela música vieram ainda muito jovem, quando a mãe de Josemary a incentivava nas aulas de piano; assim como nas de língua estrangeira, de canto e de trabalhos manuais.
Casada com um dos presidentes do Lions Clube, nas décadas de 70/80, Josemary também exerceu seu refinamento durante as visitas célebres que recebia em sua casa, por causa de jantares. Registros desses momentos com o príncipe Orleans de Bragança, a cantora Elis Regina, o jogador Pelé e tantos outros também encontram-se em cadernos guardados com carinho. Entre a família e os amigos mais íntimos, Josemary também exercia sua veia cômica. "Não tinha quem não ficasse se, rir depois de dez palavras ditas sobre algo corriqueiro", conta Fabiane.
Mas a beleza também se expressa no contexto. O filho Sylvio recorda-se que a mãe cuidava pessoalmente de cada detalhe da decoração da casa; que em cada canto tinha sua marca especial em formato de arranjos florais; e que os cafés da manhã eram preparados somente para ela, mas como se fossem para uma princesa. A Miss Paraná 1949, faleceu no dia 04 de junho de 2013, aos 81 anos de idade, de ataque cardíaco. Deixa os filhos Fabiane e Sylvio, oito netos e um bisneto.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo, 31/07/13
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