4 de outubro de 2015

A Morena que Parou Campo Grande e Arrancou 22 Minutos de Vaia no Rio de Janeiro

O ano era 1965. O lugar, Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Foram 22 minutos de vaia quando os jurados da 12ª edição do Miss Brasil elegeram a representante de Guanabara ao invés da "preferida" do povo, Marilena de Oliveira Lima. O nome pode até não ser tão conhecido hoje, mas a foto ilustra bem como foi recebida a celebridade no aeroporto de Campo Grande.
Marilena foi a morena mais famosa da cidade. A repercussão que teve à época, do quarto lugar dado à Marilena fez dela a Miss Brasil mesmo sem faixa. A justificativa plausível era de que como o Rio de Janeiro completava 400 anos em 65, o título precisava ser da representante carioca.
"Depois do concurso, quando voltei para Campo Grande, tive uma recepção fantástica. Foi surpreendente", recorda a eterna Miss Mato Grosso. Em 1965, o Estado era um só.
A miss tinha 18 anos e media 1,73m de altura. Foi convidada a ser representante por Campo Grande na disputa do concurso pelo então Estado de Mato Grosso.
"Vieram falar com os meus pais, era da Ação Campo Grande Beneficente de Reabilitação, era um concurso em benefício da entidade, então fui para Cuiabá e continuei na disputa", conta Marilena.
Marilena era carioca de nascimento, mas já morava na Capital desde os 2 anos de idade. A surpresa não foi na volta para casa. Ela lembra como se fosse hoje os aplausos que arrancou no Rio de Janeiro e o desfile da primeira colocada sob vaias de 40 mil pessoas. "Eu não sei, mas o povo gostou de mim e esperava que eu ganhasse. Foi uma vaia de 22 minutos que saiu nos jornais. Eu não contei, nem tinha relógio na hora...", descreve.
Claro que o quarto lugar veio com uma pontinha de decepção por existir, segundo Marilena, a expectativa da coroação. "Falavam que eu era a preferida, mas tudo bem, eu encarei numa boa..."
No aeroporto uma multidão se formou tanto na descida quanto no próprio saguão. A miss precisou subir no balcão da companhia aérea para agradecer tanto carinho. De lá, passeou pela cidade em carro aberto, acenando para os fãs.
"Eu vim do aeroporto, descemos Y' Juca Pirama e fomos até a 14, no relógio e ali tinha um palanque. Subimos eu e meu pai. Onde eu passava tinha gente na rua", relata.
De presente, Marilena ganhou até música. De cabeça, ela cantarola pelo telefone um trecho. "Você deve conformar-se, a vida é mesmo assim, você foi quarto lugar... A Miss Brasil é carioca, você é Miss de coração..."
Aquela foi a primeira vez que Campo Grande havia chegado tão perto assim do título. No ano seguinte também houve boa colocação, de Marluce Manvailer.
Marilena, apesar de maravilhosa, não tinha familiaridade com foto e nem vídeo até então. Depois do quarto lugar, choveram convites até para estrelar no cinema italiano, americano e nacional, mas a Miss Mato Grosso preferiu estudar.
Um ano depois do concurso ela se casou, fez faculdade de Economia e já não mora em Campo Grande desde 1983, quando se mudou para São Paulo com a família para o filho estudar piano. Marilena hoje tem 68 anos de idade.

www.campograndenews.com.br

4 comentários:

  1. Belíssimo post sobre uma bela história.
    Infelizmente a história do Miss Brasil é cheia de injustiças, como a de 1965.

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  2. Eu acho que pelo menos o terceiro lugar deveriam ter dado a ela. Garantiria o direito de representar o Brasil no Miss Mundo e com certeza voltaria de lá com uma boa colocação, assim como sua conterrânea no ano seguinte que ficou em quarto lugar nesse concurso.

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  3. Marilena deveria ter ganho. Assim como sua conterrânea em 1966. Mas como a maior parte dos jurados era formada de celebridades cariocas, então sempre "puxavam a sardinha para a candidata do Estado da Guanabara. Foram inúmeras injustiças, equívocos e erros traduzidos em sonoras vaias à vencedora.
    Muciolo Ferreira

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  4. É uma pena que seja assim, mas concursos são concursos.
    Que bom te ver por aqui Mucíolo.
    Abraços.

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