Foi o escritor Machado de Assis o grande responsável pela eleição da primeira Miss Brasil, em 1865. O concurso tinha logicamente outro nome - "A Mais Bela" -, mas originou todos os outros, que acabaram se transformando no atual. A eleita chamava Aymée e, paradoxalmente, não era brasileira, mas francesa. Atriz profissional, fazia temporada no Café Concato. Numa época, um jornalista, que se assinava Gryphus, do Diário do Rio, instituiu uma enquete, para saber "qual a artista mais linda da cidade", entre críticos e intelectuais. Machado de Assis, que conhecia Aymée, resolveu trabalhar por sua candidatura e publicou um artigo no mesmo jornal: "É um demoninho louro, uma figura esbelta, graciosa, meio angélica, uns olhos vivos, um nariz como de saio, uma boca amorosamente fresca, que parece ter sido formada por duas canções de Ovídio, enfim a graça parisiense toutepure!" E graças ao seu apoio, Aymée ganhou fácil. Depois disso, somente em 1900 realiza-se nova escolha promovida pelo semanário "Rua do Ouvidor". Daí em diante, se tornaram esporádicas. Mas na década de 20, - principalmente depois que Yolanda Pereira chegou a ser Miss Universo - o público carioca voltou a se interessar por esses concursos. Somente em 1954, porém, com o sucesso de Marta Rocha e o patrocínio dos Associados, é que tomou sua forma atual. As misses são eleitas no mundo inteiro, com exceções dos países socialistas. Há maior interesse na Argentina, Brasil, Colômbia, Peru, Estados Unidos, Japão, Itália e, em menor escala, Portugal, França e Inglaterra. Na Inglaterra, a propósito, o público educadíssimo, jamais vaiando as candidatas e só batendo palmas quando o apresentador dá ordem: "Aplaudam, por favor". E nos Estados Unidos, conforme denunciou a jornalista Lilian Ross, num artigo traduzido e recentemente publicado no Brasil (Livro de Cabeceira da Mulher/ volume 3), os concursos de beleza constituem uma importante e rendosa indústria.
Fonte: Revista Panorama, nº 202 - julho de 1969 - ano XIX.
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