16 de junho de 2012

A Odisseia de 18 Horas que Mudou a Literatura

O personagem Leopold Bloom, representação do herói moderno do livro Ulisses, tem um dia em sua homenagem: o Bloomsday, comemorado em 16 de junho.

No ano de 1924, amigos do escritor irlandês James Joyce (1882-1941) prepararam uma festa para celebrar a obra Ulisses. Começava a comemoração do Bloomsday, que se tornaria, 30 anos depois, uma tradição. Hoje, na Irlanda e em diversas cidades do mundo, no dia 16 de junho – data em que a ação se passa no livro -, fãs de James Joyce refazem o itinerário do protagonista de Ulisses, Leopold Bloom. A participação popular é tão grande que o dia virou feriado na Irlanda. É o único recesso no mundo em homenagem a um livro. Para muitos, a obra é mais fácil de ser aproveitada dessa forma, com as atividades do Bloomsday, do que desfrutando o livro propriamente dito, considerado por muitos uma leitura pesada e difícil.Na data, os participantes revivem a rotina que o personagem viveu nas 18 horas contadas na história, saboreiam os mesmos lanches descritos no livro, caminham pelas mesmas ruas, enfim, vivem um “dia de Leopold Bloom”. Diversão para muitos, o Bloomsday é também uma oportunidade para melhor compreender a obra, que traz uma odisseia moderna pelas ruas de Dublin, cidade natal do autor.
Joyce, prevendo o impacto de suas produções, dizia que seus livros deixariam estudiosos entretidos por muitos anos, em razão da possibilidade de diferentes e contraditórias leituras. A obra, que se passa em 1904 e que foi lançada em 1922, é considerada um marco da literatura contemporânea e conta com três diferentes traduções para o português. Antônio Houaiss foi o primeiro a decifrar o livro, seguido pela professora Bernardina da Silveira Pinheiro e, mais recentemente, pelo também professor Caetano Galindo.
A atriz Marilyn Moroe lendo Ulisses, de James Joyce

Considerado atemporal, o livro fala sobre homens, sobre a vida urbana e sobre o mundo. Em torno do cotidiano de Dublin, o autor traz diversas referências históricas, filosóficas e literárias, em especial paralelos com a Odisseia, de Homero, poema que conta a viagem de retorno – que durou dez anos – de Odisseu após a Guerra de Troia. “Cada episódio do Ulisses corresponde a uma aventura de Odisseu. A intenção de Joyce é a de equiparar o grande herói grego ao homem comum de 1904, desmistificando um e entronizando o outro”, diz o professor Caetano Galindo, autor da mais recente tradução de Ulisses, que será lançada esse ano.
Entre as características que fizeram com que Joyce fosse considerado o autor mais inventivo em técnicas literárias de todos os tempos, destaca-se o fato de utilizar a técnica chamada de “fluxo de consciência”, narração que busca seguir – por mais completa que possa ser – a linha de pensamento dos personagens. “Ulisses traz uma flexibilidade estilística muito grande, entre suas peculiaridades estão a adoção sistemática do monólogo interior para representar o fluxo dos pensamentos dos personagens e a ideia de que o estilo e a narração devem, o tempo todo, adequar-se às características da ação narrada, ou seja, você não ‘diz’ que fulano está com sono, você escreve um texto ‘sonolento’ sobre isso”, ressalta Galindo.

Informativo Ler & Cia – Livrarias Curitiba e Livrarias Catarinense

2 comentários:

  1. Olá Vera,
    Vim agradecer a sua visita carinhosa no meu cantinho, seja bem vinda sempre :)
    Bjs

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  2. Elza, será sempre um prazer visitar seu blog.
    Obrigada por vir conhecer o meu cantinho também. Venha quando quiser.

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