Homenagem aos 100 Anos de Nascimento da Poetisa Paranaense Helena Kolody

"Creio que uma das características do poeta é essa paixão pela palavra e pela leitura. A leitura amplia nossos horizontes, enriquece nossa arte. é preciso ler, ler e ler. Não só criar o hábito da leitura, mas o vício da leitura, porque o vício é uma necessidade imperiosa, um hábito compulsivo.
Ler é um exercício de imaginação. E uma imaginação muito viva é outra característica do poeta e do artista em geral. Ela é nosso poder criador; é a capacidade de sonhar e inventar, que  precisa ser exercitada. Principalmente hoje, uma época tão tecnológica, em que a tônica de nossa atividade é o raciocínio. Por isso, hoje mais do que nunca, a arte, que se estriba na imaginação, é tão  importante. Fico feliz em ver tanta gente escrevendo, pintando, esculpindo, compondo, cantando, cultivando as mais belas modalidades da arte."

"A poesia é para mim, como uma visita inesperada. Nunca sei como nem quando vai chegar. Começo a sonhar palavras. O sonho sempre é mais bonito que as palavras. A expressão é uma luta ingente com as palavras. Junto com a alegria de criar, existe a agonia de perseguir o inatingível. Há um elemento lúdico no fazer poético, uma emoção de prazer, como em qualquer jogo. É um jogo fascinante, feito com palavras."
(Um Escritor na Biblioteca, edição BBP - 11 de agosto de 1986)

"A palavra nem sempre consegue captar o sonho. O sonho é um voo. E o que digo é a sombra do que sonhei.O que a gente sonhou é maior, não conseguiu dizer."
(Revista Cartaz - 31 de março a 06 de abril de 1994)

"Aprendi a conhecer o poder extraordinário que a palavra tem e adquiri consciência da responsabilidade que a palavra gera. Ela tem um valor presente e um alcance futuro incalculável. O que dizemos deixa marcas indeléveis na inteligência e na sensibilidade dos outros."
(Sinfonia da Vida. Polo Editorial do Paraná, 1997, p. 62)

"Meu instrumento de arte e de trabalho sempre foi a palavra... A palavra tem um poder que nem sempre sabemos usar, e muitas vezes usamos mal. São as palavras que decidem a sorte dos homens e o destino das nações. Que nossa palavra esclareça, encoraje, console, encaminhe, seja luz no mundo, um instrumento de paz e de fraternidade."
(Caderno do MIS, nº 13)


SOBRE HELENA KOLODY

"Quando Helena fala e escreve, poesia e vida se confundem uma na outra. (...) A frase/poema sai do cotidiano, passeia pela experiência da sensibilidade e termina por acertar no ponto limítrofe entre o pensar e o sentir. A viagem da linguagem e o exercício do corte preciso são a marca registrada da sua  poesia e parece ser o principal trabalho de sua vida. (...) Aliás, tudo o que ela diz é poesia, ou pela forma rica e imprevisível, ou pela densidade da emoção, ou pela sutileza da intuição, ou pela raridade da observação, ou tudo isso junto... Helena nos mostra como um mestre zen, que a poesia está nas coisas, é só acertar o olhar."
(Alice Ruiz, abirl/1987, in Helena Kolody - Série Paranaenses, nº 6, p. 50/51)


"Helena Kolody tem a chave, sabe explorar as mil facetas secretas contidas emm cada palavra. (...) É a poesia que concede à palavra esse poder ilimitado, essa força total, dada a multiplicidade de significados associados à sua musicalidade e sonoridade. Helena Kolody identifica-se com a poesia. Sempre soube explorar todas as nuances que a palavra oferece, empregando-a com destreza e habilidade poética. Sempre soube estabelecer uma ininterrupta sintonia entre sua visão de mundo e sua manifestação pela  palavra. A poesia de Helena Kolody demonstra que sua inspiração é um permanente estado de graça. Capturando o momento, transformando-o em poesia, empregando figuras de linguagem fluidas, leves, plenas de significados."
(Neumar Carta Winter - Revista da Academia Paranaese de Letras. Ano 68, nº 49, maio/2004)

Fonte das citações: Livro Infinita Sintonia - edição comemorativa pelos 100 anos de nascimento de Helena Kolody, reunindo desde seu primeiro poema "Lágrima", publicado em 1928.