27 de outubro de 2014

O Poeta Que Vivia em Carnaval

Suas canções, prosas e poesias mostram porque Vinicius de Moraes carrega o título de "poeta da paíxão".

Comece citando o verso "De tudo ao meu amor serei atento" e se formará uma fila de pessoas para finalizar um dos poemas mais conhecidos de Vinicius de Moraes, o Soneto de Fidelidade. Caso você ainda não esteja lembrando, este é aquele que termina com a célebre frase? "que seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".
Não apenas por esse soneto, mas por tantos outros textos rimados ou não e canções cuja melodia parece trazer à tona os afetos mais escondidos, Vinicius de Moraes expressou como ninguém o amor em seus 50 anos de carreira. Foram 13 livros, mais de 420 poesias, 300 canções, 120 textos em prosa. Em toda sua produção, o tema amor sempre foi recorrente, marcando presença na maior - e mais conhecida - parte de seus textos. Segundo um de seus versos, se o amor é fantasia, ele se encontrava em pleno carnaval.
A popularização da obra literárias de Vinicius de Moraes é devida, principalmente, ao fato de ele ter tornado música sua poesia. Segundo o compositor Toquinho, que por mais de dez anos trabalhou com o artista, em uma relação que se tornou de profunda amizade, houve muitas críticas - inclusive de poetas amigos - a Vinicius por ele ter se tornado um letrista de música popular. "Consideravam a poesia feita para as canções uma poesia inferior, de menor valor, comparada à poesia dos livros. Vinicius se irritava com isso, achando que as duas formas de poesia têm a mesma grandeza. Aí reside a grande importância de Vinicius para a cultura brasileira: ter tido a coragem de transferir a poesia literária para a música popular", comenta.
Segundo ele, sem abandonar a poesia dos livros, Vinicius dotou a música popular brasileira da jovialidade que caracteriza a renovação provocada pela bossa nova, a música brasileira saiu da noite escura para o brilho do sol". E Vinicius é um dos principais responsáveis por isso", afirma.
Nascido no Rio de Janeiro, em outubro de 1913, Vinicius iniciou sua carreira musical cantando no coro da escola. Formou-se em Letras e Direito e se tornou amigo e parceiro dos maiores nomes da cultura brasileira e do mundo. Manuel Bandeira, Drummnod, Di Cavalcanti, Pablo Neurda foram alguns de seus conhecidos próximos. Estudou cinema com Orson Wells e compôs com Pixinguinha, Baden Powell, Ari Barros, Edu Lobo, Carlos Lyra, Tom Jobim e Toquinho, com quem escreveu mais de 100 canções e fez mais de mil shows no Brasil e  no exterior. "Dificilmente acontecerá em minha carreira uma parceria tão profícua e importante, consolidada pela generosidade, pela compreensão das diferenças. Enfim, trocamos experiências: eu passei para ele a experiência da juventude; ele me transmitiu a juventude da experiência", conta.
Por todos os anos que conviveu com Vinicius - tanto na parceria profissional quanto pela amizade - Toquinho resume bem o espírito do artista apaixonado pela vida: para Vinicius, "fazer música era uma consequência do prazer de viver".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...