24 de agosto de 2016

Ieda Maria Vargas e Martha Vasconcellos, Nossas Duas Misses Universo

O ano de 1963, definitivamente, o mundo reverenciou as mulheres. Valentina Tereshkova, na antiga União Soviética, por ter sido a primeira mulher cosmonauta, a bordo o foguete Vostok V. Nos Estados Unidos, por sua vez,despontava a primeira dama, Jaqueline Kennedy, exemplo de elegância, força e, sobretudo, carisma. Qualidades utilizadas como verdadeiras armas para o cunho político do partido Democrata no mandato do jovem Jonh F. Kennedy.
Fora do eixo da Guerra Fria, no Brasil, uma mulher também era o alvo das atenções. Ela havia conquistado o título máximo da beleza mundial, como era referenciado pela mídia de então, o concurso de Miss Universo. Ieda, na pacata aura de seus 18 anos de idade, trouxe a primeira coroa desta competição para o Brasil. Uma peça em brilhantes avaliada, na época, em mais de US$ 500 mil e cujo modelo manteve-se até o ano de 2001. Um título que transformou a vida de menina normalista gaúcha que Ieda vivia até então. O Brasil sentia na conquista de Ieda, mais do que um reconhecimento. Sentia o gostinho de finalmente ver uma brasileira chegando lá, após tantos anos esbarrando no título.
O impacto da conquista de Ieda foi tão grande que, com o anúncio de sua vitória pelo rádio, um executivo do ramo de brinquedos infantis, imediatamente, solicitou que se projetasse uma boneca em homenagem à gaúcha. Logo, logo magazines das principais cidades brasileiras tinham como sucesso de vendas entre as meninas a boneca Miss Universo, vestida com uma réplica do traje típico de gaúcho usado por Ieda, em Miami.
Ao retornar ao Brasil, nossa primeira Miss Universo veio acompanhada da Miss Estados Unidos, Marite Osers. As duas foram recebidas com muita festa e a acompanhante Marite chegou a questionar se o carnaval brasileiro acontecia em fevereiro ou naquele mês de agosto. Um mundo de gente acompanhava cada passo de Ieda. Seja nos aeroportos por onde passou, ou pelas ruas de Brasília durante a audiência de Ieda com o presidente João Goulart, e com a primeira dama, D. Maria Teresa. Foram muitas as festas em sua homenagem após seu retorno às terras brasileiras.
Com Martha Vasconcellos, em 1968, não foi diferente. Mais uma vez o Brasil ficou em festa com a vitória de uma brasileira no Miss Universo. E a sede do carnaval temporão, dessa vez, foi em Salvador. Com todas as honrarias, pompa e circunstância via-se mais uma vez a manifestação popular nas ruas. E o mais importante: uma manifestação de alegria, em um ano no qual ir à rua para se manifestar já havia se tornado quase uma rotina. Afinal, eram anos da ditadura, da marcha dos 100 mil no Rio de Janeiro - com similar em Paris, realizada pelos estudantes franceses gritando "é proibido proibir".
Dificilmente, Ieda ou Martha esquecerão aquilo que foi a experiência de voltar ao Brasil após a vitória no Miss Universo. Apenas cinco anos separaram as duas façanhas. Desde então, ficou o desejo de planejarmos um novo carnaval fora de época.

Fonte: João Ricardo Dias - Revista Miss Brasil nº 04  

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