5 de setembro de 2016

Guimarães Rosa - Biografia

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais em 27 de junho de 1908. Era o primeiro dos seis filhos de Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido como seu "Fulô". Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada de Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade. Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena, em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos nove anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João Del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se- não suportava a comida. Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras. Sua estreia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios. Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu primeiro casamento, desfazendo-se poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas. Em abril de 1967, Guimarães Rosa vai ao México na qualidade de representante do Brasil no I Congresso Latino Americano de Escritores, no qual atua como vice presidente. Na volta é convidado a fazer parte juntamente com Jorge Amado e Antônio Olinto, do júri do II Concurso Nacional de Romance Walmap que, pelo valor material do prêmio, é o mais importante do país. No meio do ano, publica seu último livro, também uma coletânea de contos, Tutaméia. Nova efervescência no meio literário, novo êxito de público. Tutaméia, obra aparentemente hermética, divide a crítica. Uns veem o livro como a bomba "a atômica da literatura brasileira"; outros consideram que em suas páginas encontra-se "a chave estilística da obra de Guimarães Rosa, um resumo didático de sua criação". Três dias antes de morrer, o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "... a gente morre é para provar que viveu". O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras com a voz embargada. Parece pressentir que algo de mal lhe aconteceria. Com efeito, três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à missa), mal tendo tempos de chamar por socorro. Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno de literatura brasileira, Guimarães Rosa começou a publicar aos 38 anos. O autor, com seus experimentos linguísticos, sua técnica, seu modo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

Obras:
- Magma (1936), poemas. Não chegou a publicá-los;
- Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estreia;
- Com o vaqueiro Mariano (1947);
- Corpo de Baile (1956) novelas. Atualmente publicado em três partes (Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão);
- Grande Sertão: Veredas (1956), romance;
- Primeiras estórias (1962), contos;
- Tutaméia: Terceiras estórias (1967), contos.
- Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.
- Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

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