3 de abril de 2017

William Shakespeare

Nasceu em Crismado, Stratford-upon-Avon, Inglaterra, em 26 de abril de 1564 e faleceu em 23 de abril de 1616 em Stratford-upon-Avon, Inglaterra.
É um truísmo desgastado dizer que Shakespeare é o tesouro nacional da Inglaterra e o maior escritor do  mundo em todos os tempos. Alguns discutem essa afirmação, mas o que parece estar acima de qualquer discussão é que Shakespeare tinha uma extraordinária facilidade no uso da linguagem para sua época - ou para qualquer época. O que ele tinha a dizer  e como ele dizia encontrou enorme popularidade em vida, e foi reinventado de formas incontáveis para novas plateias desde então. Segundo o que pode ser vislumbrado através da lente exuberante de provas documentais incompletas, contos tradicionais e mexericos da época que chegaram até nós, Shakespeare, o homem, parece merecer a fama de superastro intrigante. Nascido durante a era elizabetana, época especialmente estimulante para os artistas, ele conseguiu deixar para trás suas raízes provincianas e se tornar o queridinho da realeza. No meio do caminho também foi ator  e andava com uma turma formada pelos principais escritores de sua era (entre ele seu rival literário Ben Jonson - 1572-1637). O anedotário popular costuma retratá-lo como um caçador ilegal de cervos que fugiu para Londres para escapar da perseguição, e também como o amante ilícito da "Dark Lady" (dos sonetos). Também foi escrutinado por sua supostas tendências homossexuais ou bissexuais, acusado de não ter escrito suas obras e frequentemente apontado como tendo morrido depois de longa sessão de bebedeira. O que podemos deduzir de sua obra é que Shakespeare tinha uma compreensão muito humana de todos os tipos de personalidades e situações - de reis escoceses enlouquecidos pelo poder e Isabela, a personagem moralmente comprometida de Medida por medida, das intrigas da Antiguidade de Antônio e Cleópatra à trupe teatral escrachadamente cômica de Sonho de uma noite de verão. Muito desse material deve ter se baseado em sua própria vida.  Ele foi criado por uma família de classe média ma cidadezinha de Stratford-upon-Avon. Seu pai, John, vendia luvas e era uma personalidade na região , mas acabou se endividando. Shakespeare era o terceiro de oito filhos. Três irmãos morreram ainda jovens e apenas um sobreviveria a Shakespeare (que morreu no início da casa dos 50 anos). Hamnet, seu próprio filho, um dos três que teve com Anne Hathaway (a moça da região com quem ele se casou aos 18 anos, quando ela estava grávida de seu primeiro filho), morreu, ainda na infância - vinculou-se esse evento a lamentos presentes em muitas obras, entre elas Noite de reis. Uma neblina encobre a cronologia da vida e da obra de Shakespeare. Provavelmente se deixou contagiar pelo teatro ainda na infância, quando Stratford recebeu uma sucessão de grupos teatrais itinerantes. Deve ter recebido uma sólida educação clássica na esplêndida escola primária de Stratford. Depois de anos sem qualquer notícia sua, aparece em Londres, durante a década de 1590 como respeitado ator-dramaturgo. Deve ter começado a escrever peças por volta de 1590, e, provavelmente, a trilogia Henrique VI e Ricardo III estão entre suas primeiras obras. Os sucessos na poesia incluem Vênus e Adônis. No início dos anos 1600, ele estava à frente da principal companhia de teatro da Inglaterra, King's Men (em homenagem a seu patrono Jaime II), que desfrutava na corte de prestígio. Shakespeare prosseguiu sua ascensão com uma sucessão de peças e sonetos expressivos  (1609). A maioria das peças foi escrita em grupos de cinco estrofes iâmbicas, que ele transformou em algo mágico. Conhecido por sua sagacidade, conseguia escalar os píncaros da poesia, chafurdar no humor mais rasteiro e produzir inversões sábias como "desperdicei tempo e agora o tempo me desperdiça (Ricardo II). Usou a linguagem para explorar personalidades complexas, criar climas variados e controlar enredos estonteantes, recheados de identidades tocadas. Segundo a tradição, Shakespeare iniciou uma aposentadoria pacífica e confortável em uma de suas propriedades em Stratford por volta de 1610, mas não existem provas disso. Ele morreu em Stratford, porém, segundo dizem alguns, por causa de uma febre após uma noite de bebedeira com Ben Jonson e outros. A causa precisa de sua morte é mais um mistério em uma vida repleta de charadas intrigantes.

Gênio ou impostor?
Séculos afora se desenrolam discussões acaloradas - alimentadas pela falta de provas concretas de sua vida e obra - questionando se Shakespeare teria ou não escrito as peças que lhe são atribuídas. Um dos principais suspeitos é Francis Bacon (1561-1626), dono de intelecto elevado, escritor talentoso e, por algum tempo, juiz supremo da Inglaterra. Um estudioso vitoriano chegou a ter um colapso nervoso ao tentar provar essa tese. Ben Jonson, amigo e rival de Shakespeare, é outro suspeito. Também fazem parte da lista nobres como Edward de Vere e o conde de Oxford (teoria defendida por Sigmund Freud). Outros suspeitos mencionados incluem o poeta e dramaturgo Christopher Marlowe e Walter Raleigh e a própria rainha Elizabeth. O ponto em comum a muitas dessas teorias é basicamente o esnobismo - a crença de que um homem com os antecedentes de Shakespeare não poderia ter sido capaz de escrever peças que lançam mão de uma gama tão ampla de alusões cultas. Também é preciso considerar a paixão que costumam despertar as teorias conspiratórias. A maioria dos estudiosos da obra de Shakespeare rejeita essas teorias, mas reconhece que alguns trechos (talvez até peças inteiras) possam ter sido escrito parcial ou mesmo completamente por outros autores. A colaboração entre os escritores era muito comum na época de Shakespeare.

Fonte: 501 Grandes Escritores, págs. 54/55/56

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