6 de abril de 2022

Clara dos Anjos - Lima Barreto

 

Tema: Um livro clássico (nacional ou estrangeiro)

Mês: Abril

Título: Clara dos Anjos

Autor do livro: Lima Barreto

Editora: Martin Claret

Nº de páginas: 163

Quando vi a capa do livro, o que mais chamou a minha atenção foi...

Nada

O livro é sobre...

Uma jovem moradora do subúrbio do Rio de Janeiro, que sonhava viver as emoções de que se via privada em virtude da rigidez dos pais.

Eu escolhi esse livro porque...

Faz parte do desafio que estou participando este ano.

A leitura foi...

Boa.

O trecho do livro que merece destaque:

“Escolhia bem a vítima, simulava amor, escrevia detestavelmente cartas langorosas, fingia sofrer, empregava, enfim, todo o arsenal do amor antigo, que impressiona tanto a fraqueza de coração das pobres moças daquelas paragens, nas quais a pobreza, a estreiteza de inteligência e a reduzida instrução concentram a esperança de felicidade em um Amor, em um grande e eterno Amor, na Paixão correspondida. Sem ser psicólogo nem coisa parecida, inconscientemente, Cassi Jones sabia aproveitar o terreno propício desse mórbido estado d’alma de suas vítimas, paras consumar os seus horripilantes e covardes crimes; e, quase sempre, o violão e a modinha eram seus cúmplices...” pág. 41.

“Na rua, Clara pensou em tudo aquilo, naquela dolorosa cena que tinha presenciado e no vexame que sofrera. Agora é que tinha a noção exata da sua situação na sociedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algo, paras se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de todos. Bem fazia adivinhar isso, seu padrinho! Coitado!...” pág. 157.   

A nota que eu dou para o livro:

3 – Gostei (achei esquisita a forma como terminou).

Sobre o autor: Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881. Filho de pais mulatos e de condição humilde, pôde, contudo, ter uma educação de qualidade, à custa de muito esforço do pai – a mãe morrera quando Lima ainda era criança. Estudou no Colégio Pedro II e chegou a cursar Engenharia, mas teve de abandonar os estudos em virtude do adoecimento de seu pai, acometido por problemas mentais. O enlouquecimento do pai marcaria o autor pelo resto da vida, por conta da dúvida de não vir ele a ser, também, vítima da loucura. Ironicamente, foi duas vezes internado num hospício, devido ao abuso de álcool. Foi funcionário público atuou como jornalista, colaborando com uma série de revistas e jornais, ocupações que lhe garantiam uma vida modesta. De inclinações socialistas e anarquistas, Lima Barreto manteve ao longo da vida uma postura agressiva em relação à sociedade, aspecto que transparece em sua obra na representação não só das elites e dos políticos, mas também da classe média. Sua obra, em especial Clara dos Anjos, é também uma aberta denúncia ao preconceito racial, do qual era também vítima, num período em que o racismo permanecia arraigado nos costumes, não obstante a recente abolição da escravidão. Lima Barreto foi uma figura excêntrica e provocadora. Trajava-se andrajosamente, muitas vezes com roupas sujas, com o claro fito de chocar e de se diferenciar dos membros das classes que tanto criticava. Assolado por contínuas crises de depressão e pelo alcoolismo, Lima Barreto viria a falecer aos 41 anos, em 01 de novembro de 1922, no Rio de Janeiro.

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