30 de janeiro de 2012

Hoje é dia da Saudade

Olá meus queridos amigos e amigas, tudo bem com vocês? Como vocês devem saber, existe dia para tudo: dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia do livro e até dia da saudade. Pois é, hoje comemora-se o dia da Saudade. É algo que todos nós temos mas que não se explica, se sente.
E para os saudosistas de plantão, aqui vai um poema do meu autor preferido: Carlos Drummond de Andrade.


A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

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