14 de março de 2016

A Beleza e o Prazer das Letras


Para Virgínia Woolf, a literatura uma arte tanto na produção de seus escritores quanto na leitura de seu público.

A bibliografia de Virgínia Woolf reúne 15 obras aclamadas em todo o mundo. Duas delas – os dois volumes de O Leitor Comum – reúnem reflexões da escritora britânica sobre a arte da literatura, desde o processo criativo de produção até o seu fim, nas mãos dos leitores. Nesses escritos, Virginia quis fazer um elogio àqueles que leem sem obrigação, mas por prazer pessoal, um hábito que deveria ser cultivado e homenageado.
Apesar de alegrar-se com a recepção do público, Virgínia encontrava-se na produção de um livro o seu próprio desfrute. Certa vez, afirmou que “escrever é o verdadeiro prazer”. Filha de um editor inglês, ela sempre esteve envolvida no mundo da literatura. Lia livro após livro, como uma forma de compensar a falta de formação acadêmica tradicional. Aos 30 anos, em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem dirigiu a Horgart Press. A editora do casal Woolf tinha como primeiro objetivo publicar livros com poucas chances de serem aceitos por grandes editoras. Para Virgínia, era ainda a possibilidade de escrever o que quisesse, sem que sua obra fosse revisada por um editor homem.
Essa liberdade foi fundamental para Virgínia, já que ela buscava produzir obras modernistas, que eram contrárias às tradições literárias – e também políticas e sociais – da Inglaterra da época, recém-saída da era vitoriana. Além disso, a escritora era feminista e deixava transparecer isso em seus livros.
O seu primeiro livro foi A Viagem (1915), considerado como uma de suas obras mais brilhantes e complexas. Até 1941, foram mais quatorze livros, que a tornaram respeitada no meio literário a ponto de ser comparada com o escritor francês Marcel Proust. Ela era chamada de “a Proust inglesa”.
Apesar do reconhecimento, Virgínia sofria de crises depressivas e, em março de 1941, aos 59 anos, suicidou-se. Antes de jogar-se no rio Ouse, com pedras nos bolsos do casaco, deixou um bilhete para seu marido. Falou sobre sua doença, sobre as vozes que ouvia e sobre a certeza que tinha que estava “ficando louca novamente”. Para a escritora, sua doença era um fardo e achava que ele viveria melhor sem sua presença. Ela ainda agradeceu o amor, o cuidado e a felicidade que o marido compartilhara com ela por tanto tempo, certa de que devia a ele toda a alegria que viveu. Woolf deixou inacabados inúmeros ensaios e o romance Entre os Atos, publicado apenas após sua morte.


A obra de Virgínia Woolf a tornou uma das maiores escritoras do século passado. Em 2002, sua vida e a obra Mrs. Dalloway foram temas do filme As Horas, com Nicole Kidman, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz pelo papel, representa algumas das crises depressivas e ideias suicidas de Virgínia. São várias histórias que mesclam a realidade com a ficção, descrevendo um pouco a personalidade da escritora.

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